
A causa ambiental não avança por falta de apoio? Ou as pessoas têm dificuldade em agir sustentavelmente, mesmo a apoiando? Este é o 3o artigo da série “15 iniciativas para estimular os consumidores a comprarem produtos sustentáveis”.
No último texto, vimos que as consumidoras e consumidores apoiam, sim, a causa da sustentabilidade ambiental. Mas, veremos agora, a primeira barreira a enfrentar é conhecimento. Eles já ouviram falar de sustentabilidade. Sabem que algo precisa ser feito sobre isso. Mas não conseguem definir o problema. E muito menos têm clareza de como podem contribuir para a sua solução.
Nas nossas entrevistas qualitativas, vimos que as consumidoras chegam a tocar em alguns temas importantes, tais como embalagens recicladas e recicláveis, produtos veganos e outros. Falam de ações isoladas e de algumas marcas que oferecem produtos responsáveis ambientalmente. Mas têm dificuldade em articular uma compreensão clara a abrangente sobre o que constitui um produto sustentável.
Os números da quantitativa comprovam isso. Primeiramente, não há unanimidade sobre o que seriam produtos ou empresas sustentáveis. Reciclagem e reciclados são os mais conhecidos, mas por não mais de 40% da amostra. Recursos renováveis, certificações e ingredientes naturais, e até logística reversa aparecem, mas todos com percentuais baixos. E, portanto, além da falta de unanimidade, verifica-se que ainda falta repertório sobre o tema. A amplitude e a profundidade de compreensão são baixas.

A definição de empresa sustentável é bastante parecida. Reciclagem e economia de recursos são os grandes tópicos, e aqui também aparece a fiscalização e certificação pelas ONGs. Mas, de novo, de maneira difusa.
Nos próximos textos da série, iremos ver que falta de conhecimento é apenas uma das barreiras que enfrentamos. Transformar uma atitude quase unânime favorável à sustentabilidade (como vimos no primeiro texto), em hábitos sustentáveis, ainda exigirá esforço.
Pesquisa com 10 EPs online em São Paulo e 500 entrevistas online, Brasil. Conduzida em agosto de 2024.